Capitu: Viva a Independência!
in Madame, de Maria Velho da Costa
O Teatro Nacional São João lamenta a morte da atriz Eva Wilma.
Foi uma das mais respeitadas e premiadas atrizes brasileiras, também conhecida internacionalmente pelos seus trabalhos em televisão e cinema. Construiu uma carreira com cerca de sete décadas no “exercício do seu ofício”, ou seja, com trabalho, estudo e perseverança.
Ainda adolescente, preparou-se para uma carreira de bailarina clássica, candidatando-se a uma das 60 vagas para o Ballet do IV Centenário de São Paulo, cidade onde nasceu. Foi aprovada mas, mesmo antes do início das apresentações, recebeu simultaneamente três propostas irrecusáveis.
A primeira, para integrar o primeiro Teatro de Arena da América Latina, grupo pioneiro que ganhou projeção nacional quando se apresentou no Palácio da Nação, no Rio de Janeiro, perante o presidente, com a produção Uma Mulher e Três Palhaços, de Marcel Achard. O grupo construiu a sua sede em S. Paulo, dando origem ao atual Teatro Eugénio Kusnet. Kusnet foi um dos mestres que mais contribuíram para a sua formação de atriz. Foi igualmente convidada para assinar um contrato cinematográfico de dois anos, iniciando a sua contribuição para o cinema brasileiro. Finalmente, surgiu o convite para participar em Alô Doçura, um programa de televisão da TV Tupi transmitido durante quase dez anos. As suas participações televisivas multiplicaram-se em teleteatros, séries, programas especiais, tendo adquirido maior expressão nas telenovelas.
Mas a sua verdadeira escola foi sempre o teatro. No Teatro Nacional São João, em 2000, Eva Wilma contracenou com Eunice Muñoz, interpretando a brasileira Capitu, personagem do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, na peça Madame, um texto de Maria Velho da Costa encenado por Ricardo Pais numa coprodução entre o Teatro Nacional São João e o Teatro Nacional D. Maria II.
O TNSJ apresenta os seus pêsames à família, aos amigos e aos colegas de Eva Wilma.
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16 de maio de 2021