Entre 5 e 8 de dezembro, o Teatro Nacional São João organiza uma Conferência Internacional de Dramaturgia em parceria com a União dos Teatros da Europa, rede que reúne atualmente 24 membros, entre eles alguns dos mais relevantes teatros públicos do espaço europeu. Por estes dias, o Teatro Carlos Alberto é ponto de encontro de académicos, escritores, encenadores e diretores oriundos de vários pontos da Europa.
Na sessão de abertura da conferência, o presidente do conselho de administração do Teatro Nacional São João, Pedro Sobrado, antecipando os vários debates em cena, evidenciou: “falar de dramaturgia hoje significa não só um confronto com o estado do teatro, contemporaneamente, como também um confronto com o estado do próprio mundo". Citando Patrice Pavis, “a dramaturgia promove a articulação do mundo e da cena, isto é, da ideologia e da estética”.
No mesmo sentido, Gábor Tompa, presidente da União dos Teatros da Europa, partindo da aceção de que o mundo é um teatro, assinalou que a teatralidade do mundo é interessante, mas é igualmente interessante quando os ecos do mundo se encontram no teatro: “Quando o teatro não faz apenas uma reconstituição arqueológica de alguns textos antigos, mas, pelo contrário, quando é vitalizado pelas energias do mundo de hoje”.
Na qualidade de anfitrião, Pedro Sobrado inaugurou a discussão que a conferência pretende levar a palco nos dias de encontro que se seguem: “questionar um conceito [dramaturgia] esquivo e em permanente expansão, que hoje abarca múltiplos modos e práticas de estruturação de um espetáculo teatral, mas que envolve também as áreas da programação, da mediação e do desenvolvimento de públicos, estendendo-se às áreas da dança, da performance, da videoarte ou dos novos media”. Afinal, concluiu, “vivemos num tempo interessante e paradoxal em que assistimos à falência da dramaturgia e, simultaneamente, ao triunfo da dramaturgia”.
A Conferência Internacional de Dramaturgia reúne, no Teatro Carlos Alberto, um conjunto diversificado de oradores, de teóricos a fazedores de teatro, entre os quais Ricardo Pais, diretor artístico do TNSJ entre 2002 e 2009, Carme Portaceli, diretora artística do Teatre Nacional de Catalunya (Espanha), Claudio Longhi, diretor do Piccolo Teatro di Milano (Itália), e a dramaturga britânica Sarah Grochala. Ao longo de quatro sessões, vão procurar analisar a natureza colaborativa da criação teatral, questionar os limites e as potências da dramaturgia para intervir na atualidade política, e examinar o impacto da globalização na narrativa teatral.
O programação da conferência inclui ainda, no dia 7 de dezembro, as Leituras Encenadas Writing on New Realities, uma produção da companhia A Turma em parceria com o TNSJ e o teatro turco GalataPerform. O colóquio culmina a 8 de dezembro com a Assembleia Geral da UTE, evento que se realiza pela quarta vez na cidade do Porto desde 2003, ano em que o TNSJ integrou esta organização. Vinte anos depois, como referiu Pedro Sobrado, o TNSJ “continua a cumprir alguns dos objetivos que [nos] levaram a empreender esta aventura: expandir o território das nossas interrogações, multiplicar futuros possíveis, alargar este privilégio de relação com outros teatros públicos europeus à nossa sonhada cidade do Teatro”.
O programa completo da Conferência Internacional de Dramaturgia pode ser consultado aqui.
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6 de dezembro de 2024