Em escultura ou pintura, um perfil perdido é a representação de uma figura ligeiramente de costas, rosto de lado, em parte escondido pelo volume da nuca. “Somos todos Miríades. Bruxas, Sátiros, Caçadores e criancinhas esqueléticas em admiração pela enormidade do Pai” (Siri Hustvedt). Estas podem ser portas de acesso a Perfil Perdido de Marco Martins. Peça em constante mutação, foi criada com o estreito contributo de Beatriz Batarda e Romeu Runa, corpos trabalhados como repositórios de memórias, em metamorfose e desdobramento. Explorando a relação pais-filhos, arena de confronto do domesticável e do indomável, Perfil Perdido aborda questões de género e filiação, de perceção e condicionamento, inerentes às experiências de descendência e ascendência. Marco Martins prossegue a sondagem das formas de representação ao cruzar linguagens, referências e interrogações: da literatura – textos de Sophie Calle, Kafka, Plath, Sófocles ou Shakespeare – à performance, dança, música, sapateado ou ilusionismo. A que lugar pertencemos, o que é a ficção e a realidade?

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