Descrição
Escrita em 1604, Medida por Medida marca, segundo Harold Bloom, o adeus à comédia de William Shakespeare , anunciando a escuridão que haveria de se abater sobre as suas tragédias finais. Abismados por uma obra tão obcecada pelo sexo e pela morte, alguns comentadores chamaram-lhe “comédia sombria” e “peça-problema”, tentando assim dar conta da ambiguidade que a rodeia e das coisas escondidas que nos lega. Há algo de simultaneamente podre e jubiloso no reino desta Viena, repleta de personagens transbordantes de desejo, indecisas entre o ser e o parecer, a virtude e o vício, a intriga palaciana e o sentido de Estado. Seria abusivo ver na figura de um Duque que abdica temporariamente do poder, colocando-o nas mãos de um Ângelo exterminador, um sintoma do cansaço das nossas democracias, onde a tentação da pureza e o império da lei cedem o lugar a um verdadeiro programa político? “Estas novas são velhas, e são novas todos os dias”, diz-se a páginas tantas deste clássico que ainda não terminou de dizer tudo aquilo que tem para nos dizer. Mas Medida por Medida é acima de tudo o lugar que nos permite continuar a acompanhar de perto o trabalho do encenador Nuno Cardoso e do tradutor Fernando Villas-Boas, artesãos que atacam o texto e a cena com uma tremenda ambição: tornar clara a sua complexidade.
Galeria
Créditos
de William Shakespeare
tradução Fernando Villas-Boas
encenação Nuno Cardoso
assistência de encenação e movimento Victor Hugo Pontes
cenografia F. Ribeiro
desenho de luz José Álvaro Correia
música original (interpretada ao vivo) Rui Lima , Sérgio Martins
voz e elocução Maria do Céu Ribeiro
interpretação Afonso Santos , Catarina Lacerda , Cláudio da Silva , Daniel Pinto , João Melo , Luís Araújo , Paulo Calatré , Pedro Frias , Romeu Costa , Sara Carinhas
coprodução Ao Cabo Teatro , Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura , São Luiz Teatro Municipal , TNSJ
dur. aprox. 2:30 com intervalo M/16 anos